terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cegos e Surdos v2.0

www.camera21.com.br/cegosesurdos

Entrando em fase de testes... =)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

NOTA OFICIAL


Notas oficiais foram feitas para divulgar algo que chame a atenção de todo um público alvo. Uma mudança, uma morte, um esclarecimento, enfim, uma mensagem que muitas vezes informa algo IMPORTANTE a respeito de algo NADA IMPORTANTE. Antes de qualquer coisa, apesar dos meus 45 dias de sumiço, informo que esta não é a nota oficial que anuncia o meu óbito! [Apesar de que talvez Elvis esteja bolando alguma forma para que isso aconteça].

A minha ausência é justificada por duas doenças simultâneas que me atacaram nos últimos dias: Trabalho e Mestrado. A primeira, de nome científico Totalmentis Ocupadis é uma doença que proíbe que você passe mais de 10 horas em casa. Já a segunda, Estudas Prakalharus, ataca exatamente quando você chega em casa, tirando-lhe a sua noite de sono tranqüila.

Mas enfim, eu não morri. E antes que Vinícius insinue de que eu estou doente, mas só vivo viajando pra farrar no Rio Grande do Norte, eu digo que lá é onde está o antídoto que me permite viver mais três semanas sorrindo!!! [Meu coração já é um pouco potiguar, não tem jeito].

Poréééééém, diante de tanta enrolação, trago BOAS NOVAS:

Os Cegos & Surdos vão passar por uma reformulação. [Menos na equipe, que continua a mesma – até com Beto querendo dizer que NÃO, mas eu não lhe dou essa opção].
Pois bem, além dos nossos “tradicionais” textos, teremos um blog mais dinâmico, com fotos, vídeos e outras coisas úteis e inúteis tentando levar um pouco de entretenimento e informação, à você, mudo que tanto insiste em discutir nesse espaço.

[Mas você pensa que acabou???]

Não é só isso. Acertamos com um dos principais portais do nosso estado e este blog está sendo transferido para o Câmera 21. Isso mesmo. Mudaremos de endereço ainda esta semana e prometo que teremos nesta nova morada uma atualização quase que diária.

Fiquem atentos que o novo endereço será divulgado neste fim de semana.

Cegos & Surdos – versão 2.0
Mais cego, mais surdo e muito mais confuso!!!

P.S 1: Perdão pela ausência, companheiros de blog. Estou levando uma grade de cerveja pra Campina neste fim de semana, para celebrarmos a paz! Não me matem! :P
P.S 2: Agradeço muuuitoo, a todas as cartas, e-mails, telefones, requisitando o meu retorno! Prometo não desapontá-los, minha legiããããão de TRÊS leitores! :D

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A completude

Já imaginou entender o que é bom sem antes ter conhecido o que é ruim? E dizer que alguém é alto se você nunca tivesse visto alguém menor que ele? Já pensou que uma pessoa de 40kg e 1.80m não seria magra se todos fossem iguais a ele?

Qualquer compreensão real só existe a partir do momento que conhecemos o estudado e seu contrário.

O entendimento que temos sobre qualquer coisa só atinge uma completude porque existe algo antagônico a ela. Claro que conseguimos compreender algumas coisas observando apenas elas. Mas, a real proporção de um fato, de um sentimento ou de uma característica (como exemplos), em uma mente ou em uma sociedade, só existe porque existe o seu contrário, que serve como parâmetro de comparação. Ouso dizer que, até para algo existir é necessário que se exista seu contrário (Não levemos ao pé da letra. Pra existir um Elvis não precisa existir um anti-Elvis, ou um Sivle. Falo de características.)

Alguém de olho puxado certo dia simplificou tudo isso de forma genial através do Yin e Yang. Partes diferentes que se completam de forma harmoniosa, uma agindo sobre a outra. Mas, como nós viemos pra confundir e não pra explicar, vamos “muer” um pouco mais...

O som só faz sentido porque existe a pausa (o silêncio). Só há relaxamento porque houve tensão (já imaginou que graça teria DEScansar se a gente nunca se cansasse?). Nós só somos educados a seguirmos o bem porque um dia alguém conheceu o mal. Piu-piu só é símbolo de ternura e meiguice porque existe o Frajola feroz e sagaz para dar o contraste. Zezé di Camargo talvez fosse considerado um cantor pior se Luciano cantasse algo que preste e ofuscasse seu brilho (não estou dizendo que Zezé seja um bom cantor (nem ruim), digo que o valor que damos a ele como cantor, seja alto ou baixo, só é esse porque existe alguém para compararmos com ele).

Agora digo... é normal a gente gostar de quem é semelhante a nós. É instintivo exaltarmos os que parecem conosco, pois assim estamos nos exaltando também. Mas, na verdade, o bem tem que dar um viva ao mal, pois só por ele o bem existe. O belo tem que bajular o feio, pois só por ele o belo existe. O simpático deve agradecer o chato, pois só por sua chatice é que o simpático assim o é.

Ame seus diferentes, pois suas características só existem porque as deles existem. Ame seus inimigos, pois seus valores só valem de alguma coisa porque existem os seus valores contrários. Ame seus diferentes, como um dia um Montecchio amou uma Capuleto. Pois para existir harmonia é preciso haver a diferença.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sobre a falta de educação...

O Brasil nunca fundou sua educação. Fundou uma nova capital, uma indústria potente a partir das exportações agrícolas, hidrelétricas, modernos aeroportos, mas não fundou um sistema educacional que servisse de base para a construção do futuro do país. O resultado dessa omissão é que, em 1970, éramos o mais promissor dos países em desenvolvimento. Coréia do Sul, Cingapura ou Malásia fundaram seus sistemas educacionais e se distanciaram (anos-luz). Outros que tinham situação parecida com a do Brasil - Irlanda, Espanha e Portugal - investiram em educação e se tornaram parte do primeiro mundo. Hoje, México e Turquia já começaram a nos superar (considero o Chile como sendo de primeiro mundo).

Isso porque continuamos adiando, apostando errado. No lugar de fundar um sistema educacional potente que, em 20 anos, nos ponha outra vez como país promissor, continuamos relegando a educação a apenas evoluir lentamente. No que se refere ao sentimento político, nossa posição em relação à educação continua no século 19, quando o século 21 exige uma postura radicalmente contrária.

Continuamos inaugurando escolas, como fazia D.Pedro II, aumentando lentamente o número de crianças no colégio. Transferimos para o setor privado a função de melhorar a escola, que, nesse caso, é paga, em parte com recursos federais, enquanto mantemos os filhos do povo, os que vão construir o futuro também, em escolas sem qualidade e desiguais, conforme a riqueza da cidade e o gosto do prefeito.

Para dar uma impressão de movimento, o governo faz publicidade acerca de uma reforma universitária superficial e incompleta. Incompleta porque não há boa universidade em um país que joga fora o potencial intelectual de dois terços dos seus jovens que não terminaram o ensino médio. Dos que terminam e passam no vestibular, boa parte entra sem o preparo necessário. Sem um ensino de base competente e para todas as crianças, o ensino superior brasileiro continuará incompleto e incompetente. Os países que fizeram uma boa universidade não têm pessoas mais geniais do que o Brasil, apenas têm um número maior de pessoas bem formadas, entre as quais escolher os seus gênios. Não é uma questão de QI superior, longe disso, é uma questão de probabilidade. Sou partidário do ex-ministro Cristovam Buarque, que defende que a reforma da universidade deveria começar pela Fundação da Educação Básica, universal e com qualidade.

Começar a reforma pela universidade é um gesto duvidoso de moral política porque se começa a reformar não apenas pelo topo da pirâmide social. É uma mensagem de opção pela manutenção da exclusão, compete ao Congresso optar pela criação de um sistema educacional competente, do ensino fundamental, a partir dos quatro anos, até o ensino superior, formando assim um cidadão e profissional qualificado, e acima de tudo, preparado para o futuro.

P.S.: Os leitores perdoem nosso "sumiço", por motivos que fogem do controle não estávamos atualizando assiduamente. Os posts serão mais constantes, prometo.

P.S. 2: Não quis entrar no terrenos da cotas por achá-lo pantanoso demais.

P.S. 3- E pensar que Cristovam Buarque foi demitido por telefone. Quanta falta de Educação...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira conveniente

Já pensei várias vezes comigo mesmo e observei que outras pessoas já observaram o mesmo: o ser humano prefere não encarar a realidade para evitar decepções e evitar ter que encarar as dificuldades surgidas com o fim da doce ilusão vivida até então.

A ilusão é muito boa. Viver um conto de fadas, em que nada está errado, é perfeito, mas só é perfeito até o momento em que alguém ou algo vem e mostra a realidade de fato. Aí, qual é a solução buscada pelo comodista? Não acreditar na verdade, independentemente de quão fidedigna seja a fonte. Alguns chamam de "tapar o sol com a peneira". Outros já disseram que "o pior cego é aquele que não quer ver". Se você observar bem ao seu redor (ou até com você mesmo) vai encontrar vários casos em que as pessoas preferem continuar se enganando a admitir que tudo ia errado, sofrer e buscar dar a volta por cima. Mas NENHUM caso é melhor exemplo dessa cegueira do que a do homem corneado!

Digo do homem mesmo, o macho, porque esse se acha acima do bem e do mal quando o assunto é romance. As mulheres têm o dom de perdoar (ou então se vingam e fingem que perdoaram), mas, o homem? O homem não. Esse, por saber que não aguentaria a humilhação de ser enganado pela mulher e perdoá-la, simplesmente faz de conta que tudo foi um mal entendido (ou vários mal-entendidos que aconteceram numa sequência de coincidências raríssimas, mas que "obviamente", foram apenas coincidências).

Se um amigo vem contar é porque ele é apaixonado por sua namorada. Se uma menina vem contar é porque ela é apaixonada por você. Se a mãe vê e conta é porque as mães são antiquadas e, certamente, se equivocou na interpretação do que viu, e assim por diante... sempre dá pra arrumar uma desculpinha.

Existem algumas explicações que podem ser consideradas para isso tudo. Uma das explicações é que: o homem encontra a mulher "ideal", passa 5 anos feliz (por exemplo), faz planos, já vislumbra os molequinhos brincando no quintal e um futuro feliz e aposentado ao lado da prenda que o acompanhou na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, honrando, teoricamente, o voto de fidelidade feito diante da cruz, ou apenas feito entre o casal.

Então vem alguém, ou "alguéns", e faz com que todos esses planos vão por água abaixo, com que o conto de fadas vire história de terror. Aí o comodismo fala mais alto. O cara simplesmente põe como absoluta a integridade da sua mulher, e 'ai' de quem disser do contrário. Afinal, entorpecido pelo amor, ele acha que não precisa de amigos nem de família. Aquele casal conseguirá atravessar qualquer barreira, apenas pela força que emana do coração. Pffff... Claramente patético pra quem vê de fora. Obviamente perfeito pra quem o vive.

Bem... essa explicação pode ser um dia provada por estudos científicos da ordem sócio-antopológica, ou até mesmo biológica, que detalharão as mutações que ocorrem no homem no período em que está sob efeito do amor. Mas, outra explicação que eu acredito é que, quando estão crescendo, os chifres rompem ligamentos nervosos entre os olhos e a parte do cérebro responsável pela razão. Esse rompimento é compensado naturalmente pelo organismo através do fortalecimento dos ligamentos entre os olhos e a parte responsável pela paixão.

P.S.: Claro que não são todos os homens que encaram a traição dessa maneira, alguns abençoados têm amor próprio maior do que a cegueira.

P.S. 2: Peço licença ao gênio Saramago para utilizar seu título em algo de tão pequena grandeza. :)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Em se tratando de ética...

Estamos vivendo um momento profundamente ético. Parece estranho falar assim, tendo em vista as atrocidades que todos os dias saem nos jornais- começando pela roubalheira desenfreada em Brasília. Ainda assim, penso que nunca nos questionamos tanto sobre o valor de nossos próprios atos como nos dias atuais. Quando falo em ética, estou falando no conjunto de valores que vêm de dentro de nós- diferentemente da moral, que é imposta pelo que está fora. Se antigamente tínhamos nossos destinos traçados pelo lugar geográfico e a posição social onde nascemos, hoje somos responsáveis por inventar nossa própria vida!

Se nós respeitarmos a distinção que é feita, de que a moral é o quem vem de dentro, podemos dizer efetivamente que vivemos o momento mais ético da história ocidental. Na ética moderna, o foro íntimo do sujeito é o que em última instância deve decidir o que é bem e o que é mal; o que é certo e o que é errado. O sujeito que age corretamente porque está obedecendo a uma série de mandamentos, um código de costumes(seja ele religioso ou não), não é ético por definição. Porque ele só obedece. Ético é um sujeito que se questiona sobre o valor dos seus atos.

Um exemplo(religioso) de um sujeito antiético que todo mundo conhece é Abraão, do ponto de vista moderno ele é um sujeito profundamente antiético. Ele recebe uma ordem de Deus para matar seu filho. Fora o fato de que ele pode ter se atormentado bastante antes de levantar o braço para fincar a faca no peito do filho, sem dúvida ele é o protótipo do sujeito antiético porque simplesmente ele não questiona o valor de seu ato, quem muito se assemelha a ele são os militares argentinos que torturavam por obediência devida ou dos carrascos nazistas que achavam que não tinham que questionar as ordens que vinham de cima, ou até mesmo um terrorista islâmico nos dias atuais, que deve colocar uma bomba num avião porque assim determinou o seu líder.

Nota-se que ser sujeito no sentido moderno é muito pesado porque significa algo relativo em relação aos nossos antecedentes. Um sujeito clássico tinha seu destino traçado pelo lugar onde ele nascia. Se o pai fosse um artesão, ele também teria que ser um. A mobilidade era muito rara. Já o sujeito moderno não só pode como também deve inventar a sua própria vida. Ele se define muito mais pelos seus atos e suas potencialidades futuras do que pelos seus antecessores e o berço onde nasceu. Isso faz com que, sem dúvida, nós vivamos num campo de incerteza muito maior. O sujeito moderno não responde à necessidade de um destino, mas à liberdade de uma escolha. Isso produz ansiedade e cria ondas brutais de nostalgia, é por isso que nos sentimos aliviados ao encontrarmos alguém que nos diga o que fazer.

Fala-se com muita frequência que somos uma sociedade decadente. Nós adoramos esse discurso da decadência. Mas é uma balela. Não somos uma sociedade e uma cultura em declínio. Nem um pouco. Nunca fomos tão profundamente éticos como agora, nunca nos questionamos tanto sobre o valor de nossas escolhas; e a escolha de nossos valores.

p.s- Ética é uma palavra que vale por mil imagens, a imagem do começo do texto é do filósofo grego Aristóteles, homenagem merecida.

p.s2-Meu próximo texto vai ser dedicado aos valores, não necessariamente os monetários.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Devolvam meu tempo perdido!

Sabe aquela sensação que a pessoa sente de vez em quando de que perdeu um certo tempo fazendo algo que definitivamente não foi muito interessante? A gente fica com a certeza de que 99,9% das coisas seriam empregos melhores para o tempo perdido.

Pois é. É por isso que eu inicio a partir de hoje a campanha "Devolvam meu tempo perdido!"

Rapaz, é indignante saber que se foi praticamente enganado por alguém que, por exemplo, manda a gente clicar em um link do G1 (por exemplo também, não recebemos nada do site pra fazer propaganda :~ ), aí a pessoa vai bem empolgado, achando que vai acrescentar alguns gramas de saber à sua cabeça e, quando vê, se depara com: "Planta escreve blog no Japão". (Imagino os tipos de "pensamentos" da planta: "Poxa, hoje foi muito legal, tomei um suco de clorofila esperto e fiz meia hora de fotossíntese - sabe como é, a gente tem que tomar um bronze. - ainda paquerei com um Cravo que tava a 3 jarros de distância, mas ele só olhou e não veio até a mim.")

Já não bastasse ter gente desocupada suficiente pra mentir dizendo que uma planta tá se expressando por meio de um blog (Já vi todo tipo de gente escrevendo blog...cegos, surdos...mas, planta?), ainda tem gente que veicula isso em um site de importância nacional e, o pior de tudo, chega alguém pra você e diz: "Olha que massa!!" Às vezes eu fico pensando que é uma brincadeira de mau gosto, ou que me deram o link errado...

Poxa, sinceramente, certas coisas que aparecem na TV, nas revistas e nos jornais nos tomam um tempo que a gente poderia usar pra outras coisas mais relevantes. Ao invés de acompanhar a uma suposta e interessante reportagem de 3 minutos falando que a filha de Carla Perez vomitou ao ir na montanha-russa eu poderia estar estalando meus 10 dedos das mãos e ainda sobraria tempo para...hmmm... trocar uma lâmpada? Alguém tem dúvida do que seria mais prazeroso e produtivo?

Meses de nossas vidas seriam melhor aproveitados caso infelizes não tivessem noticiado coisas tão inúteis e "amigos" inescrupulosos não tivessem difundido tais notícias.

Só que aí é que está! A gente nunca pensa nisso antes de ir ver um link; a curiosidade fala mais alto (também porque ninguém quer correr o risco de ficar sem conhecer um "Jeremias Muito Louco", "O jardineiro é jeosuis e as árveres semi nozes", "O rei do elogio", e tantas outras coisas que, por incrível que pareça, são totalmente insanas, mas não te fazem perder tempo e sim ganhar alguns momentos de risadagem). Mas, no caso das coisas que nos apunhalam com o golpe do tempo perdido, a gente só se dá conta depois que o tempo já se foi, depois que já fomos ludibriados. E, como todos sabemos, o tempo não volta nunca (ou volta? :O).

E é por essa irreversibilidade do tempo que o título da campanha é meramente figurativo. O Tempo não voltará de fato, mas o que nós queremos na verdade é que nos poupem de tanta coisa inútil em ocasiões futuras. Já que meu tempo passado já se foi, engrandeçam meu futuro para que ele compense a fração de passado perdida. Ou, se quiserem insistir, pelo menos criem seções nos sites, revistas e jornais intituladas "Inutilidades", aí quem gostar disso vai lá, clica e passa o dia todinho se deleitando.

Ajude você também para conseguirmos um mundo melhor, com menos tempo jogado fora. Caso você clique em um link inútil, poupe seus amigos desse desprazer.

P.S: Tomara que ninguém, depois de ler esse post, venha me dizer: "Devolva meu tempo perdido!"

P.S. 2: Tomara também que ninguém venha aqui e comente que acessou o blog da planta e ela tem pensamentos mais inteligentes do que os nossos.

sábado, 1 de novembro de 2008

A Tonga da Mironga do Kabuletê...

Eis que o poeta enlouquece e do devaneio faz-se a canção. Já diria aquela criatura efêmera de Brejo do Cruz, José Ramalho Neto, “Há meros devaneios tolos a me torturar”. [Aliás, se alguma alma lúcida conseguir traduzir a música “Chão de Giz”, eu prometo que a jogo num pano de guardar confetes]. Mas enfim, entender pra quê? Se até Claudinho e Bochecha já controlam o calendário sem utilizar as mãos.

Musicalidade é assim. O compositor viaja, o escutador “reviaja”, uns não entendem, outros acham que entendem e mais alguns têm certeza que entendem [e ainda ousam explicar, oh céus!]. Eu sou daqueles que procuro sentido em tudo. Já tentei em todos os meus diferentes estados etílicos, interpretar o que aquele alagoano do cabelo engraçado quis dizer com: “Açaí, guardiã, zum de besouro, um imã, branca é a tez da manhã” [Uma açaí fêmea, guardiã dos besouros, quando escuta um zumbido, é magneticamente atraída para que branca seja a pela da manhã! É fantástico!]. Mas claro, se é Djavan então não deve ser algo menos genial de que Zeca Baleiro e sua “Vida vida, noves fora, zero!”.

Porém, como eu sou cabra da peste [apesar de colher as batatas da terra], não desistirei jamais de buscar explicações para este mundo paralelo [Quiçá, uma dia, a fúria desse front virá]. Continuarei viajando nesse Brasil brasileiro do pleonasmo [aprendi as figuras de linguagem, ein Elvis!? Hehe!], tentando entender porque Ary Barroso tinha um coqueiro que dava coco e porque o negão queria pegar a nega do cabelo duro pra passar batom de cor violeta [Na boca e na bochecha! Pega ela aíííííííi....].

Enfim, neste confuso lar de idéias ininteligíveis, me despeço da sala [sem ela, tem janela, inclina em cerca de atenção] e peço que todos vocês se inquietem na página de comentários. Afinal, como diria Vinícius de Morais:

“Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê”


[No mais... estou indo embora, Baby, Baby... ;)]

terça-feira, 28 de outubro de 2008

14 coisas que elas gostariam que nós(homens) soubessemos

É engraçado, boa parte das certezas que carrego comigo acabam se revelando totalmente equivocadas e ilusórias. Vou dar como exemplo uma das minhas convicções automáticas: eu penso que sou profundo conhecedor da alma feminina. Raramente menciono isso, mas voltando de uma viagem ontem e conversando com amigos, me veio à mente uma conversa que tive com uma ficante. Ela me falava que os pensamentos e sentimentos dos outros precisam achar um caminho para serem captados. Elas conseguem isso perfeitamente. Nós não. E, a seguir, ela listou 14 coisas que elas (mulheres) gostariam que nós (homens) soubessemos e que talvez nos servissem de guia:

1. Elas gostam tanto (ou mais) de sexo quanto nós.

2. Elas não querem que nós resolvamos os problemas para ela... Apenas que as escutem reclamar.

3. Elas adorariam que nós soubessemos quando estão na TPM - sem que precisasse de anúncio - e que, neste período, nós cedessemos às suas manhas.

4. Quando elas perguntam se estão bonitas, elas não querem nossa opinião. Elas querem o nosso entusiasmo.

5. Se uma mulher maravilhosa cruza o nosso caminho, pode apostar que elas repararam na beleza da outra muito antes do que nós.

6. Se elas comentam conosco que acham uma mulher bonita, isso não nos autoriza a tecer mil e um elogios à outra. Temos que nos conter. Na frente delas, a outra é, no máximo, "bonitinha".

7. Elas adorariam receber uma carta de amor escrita a mão.

8. Elas detestam dividir a conta do restaurante.

9. Jogo de futebol = Novela.

10. Elas dizem que receber flores é cafona, mas adorariam receber algumas de vez em quando.

11. Quando perguntamos o que há de errado e elas responde "nada", no fundo, elas querem que insistamos na pergunta.

12. Elas brigam para que não deixemos roupa suja espalhada pela casa, mas, quando nós passamos muito tempo fora, elas sentem uma falta danada da nossa bagunça.

13. Elas adoram acordar com um olhar nosso em sua direção.

14. Elas não ligam se nós às vezes saímos sozinhos com nossos amigos, desde que voltemos cedo para casa e deixemos o celular ligado o tempo todo.

Estou certo de que vocês já perceberam o quanto é difícil permanecer alerta e atento nesse universo feminino, mas como viemos para confundir mesmo, nossa missão é esta! Como diria a canção: "E ninguém tem o mapa da alma da mulher..."

P.S.: Se cada um desses quesitos valesse um ponto eu teria uma nota 4 ou 5!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Figuras de Linguagem

Um dia desses me bateu uma curiosidade repentina de saber o que são figuras de linguagem. Me dediquei por um tempinho na biblioteca central pesquisando sobre tal assunto e tive algumas experiências que acho que merecem ser compartilhadas.

No começo foi meio entediante; tive que, mesmo sendo alérgico, folhear aqueles livros bem novos e pouco empoeirados pra descobrir que a ironia consiste em dizer o contrário do que se pensa, com a intenção de gozar de alguém ou de alguma coisa.

Mas logo em seguida melhorou um pouco, quando li que a hipérbole tratava-se do exagero, fiquei morto de curiosidade e explodindo de ânimo pra pesquisar mais algumas figuras.

Ao mesmo tempo que vi muitas figuras de linguagens difíceis, algumas, como o eufemismo, dá para até os que tiveram menos desenvolvimento intelectual ou uma condição financeira menos favorável para frequentar melhores escolas entenderem que trata-se de uma figura que utiliza meios mais agradáveis e menos pesados para suavizar uma expressão.

Adorei a aliteração, a gente assimila agradavelmente.

Depois que adiantei mais pra frente a leitura, vi que o pleonasmo é um tipo de redundância em uma expressão, às vezes querendo enfatizá-la com destaque, outras vezes por um vacilo descuidado.

Pensei que ia ter dificuldades para entender a tal da prosopopéia, mas meu livro me falou em alto e bom tom que consistia em atribuir a seres inanimados ou irracionais habilidades próprias do homem.

Uma das figuras que mais me fez sentir o gostinho azul do saber foi a sinestesia, que é a mistura de planos sensoriais diferentes, como paladar e visão, ou olfato e tato, por exemplo.

Já as antíteses eu não gostei de jeito nenhum; elas são muito legais!

Meu Deus! Me senti um jumento relinchante por não saber de algo tão simples como que a apóstrofe é quando se evoca uma entidade e que a zoomorfização é quando o ser humano tem seu comportamento descrito como o de um animal.

Mas, o caso mais empolgante pra mim foi o da gradação. Vi que se trata de expor as coisas de forma crescente em busca de um clímax. Achei tão legal que li uma página, um capítulo, um livro e só me dei por satisfeito quando li uma coleção inteira sobre a tal!

Ao fim do dia, fiquei bem satisfeito por ter empregado meu tempo com uma pesquisa que me renderá uma melhoria do meu português, já que me proponho a ser escritor aqui em nosso blog, mesmo que amador. Mas uma única coisa me frustrou... eu tinha muita curiosidade em saber o que é onomatopéia, mas no exato momento que eu achei o capítulo que falava sobre ela... "KABUM"... caiu um raio e faltou energia na biblioteca... snif ;~

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sobre a Corrupção...

Tema que ocupa boa parte dos noticiários, seja na televisão, em revistas ou jornais, a corrupção é tão antiga quanto o mundo. É de se pensar que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso porque foram corrompidos pela serpente!

Não é certo dizer que a corrupção aumentou no governo Lula, mas também não se pode garantir este "não rouba nem deixa roubar". Digo o mesmo para o Governador do meu estado e para o prefeito da minha cidade. Pertence ao poeta baiano Gregório de Matos uma definição exemplar sobre certas figuras da vida pública: "Não sabem governar sua cozinha e podem governar o mundo inteiro".

Trago à tona este post, porque o clima moral de minha cidade, Campina Grande, está tão desalentador, que se não houvesse essa questão dos cheques de ambos os lados, teria havido outro tipo de corrupção. Com água mineral talvez. Estamos falando dos majoritários; e o nosso parlamento-mirim? Eleição para vereador? Se ganha com boca-de-urna! Esqueça as idéias, as propostas, os programas de mandato de cada um deles. Ganhará quem gastar mais! Observo perplecto a nova configuração de nossa Câmara Municipal. A pobre coitada carece de nomes relevantes nos debates de nossa cidade. Destacaria dos eleitos dois ou três que possam fazer a diferença em plenário. Esse fenômeno se repete em todo País, onde os valores ($$$) que prevalecem na hora da decisão são outros, esqueça a ética, a moral, seriedade, honestidade (tava faltando você aqui).

Esse desastre ético que assola nossa pátria-mãe-gentil, vem de tempos imemoriais. Herança portuguesa, dirão alguns. Pois bem, não observo em quase ninguém (políticos) a vontade de mudar o status quo, vejo uma maior fiscalização por parte da PF e da Receita, mas a praga se assola em uma velocidade espantosa.

A corrupção mostra-se como o que é. Os governos e os partidos a usam. É parte essencial, não circunstancial, da vida política desde o seu surgimento. Inocente é quem ataca o outro, o que pode ser visto como uma forma de evitar que o foco caia sobre o acusador. O investigador aprendeu com os corruptos na CPI de ontem os esquemas da corrupção que pratica hoje. Nada traz purificação.

O segundo turno ocorrerá em 29 municípios (11 capitais e mais 18 cidades) no próximo domingo. Espero que os eleitos sejam os mais preparados e capacitados para assumir os destinos de seus eleitores e não-eleitores e tentem afastar ao máximo essa praga chamada corrupção, trazendo de volta a úmida purificação de uma primavera moralizada.

P.S.: Preferia falar sobre a traição de Dedina e Damião na novela das 8, mas quem não se sente também traído ao ver cenas de corrupção?

P.S. 2: Penso que CPI nenhuma debela corrupção. Deste ponto de vista enxuga gelo e só serve mesmo é para promover parlamentar à toa.

P.S 3: A figura inicial é um quadro de Munch chamado O Grito, que integra o ciclo de pinturas chamado o " Congelamento da Vida": quem grita ali é a realidade.

P.S. 4: Meu próximo post terá temas mais amenos! Palavra de escoteiro!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Nordestinidade

Depois de um post de Ígor que disse muito do que eu gostaria de falar da minha cidade, que também é meu país, me despertou um assunto. Quando li que ele era bairrista (que eu também sou), observei que esse sentimento de orgulho por um estado, cidade ou região é pouco cultivado no nosso querido Nordeste brasileiro (Salvo em Pernambuco e na Bahia). Nossa região só tem a perder com a falta de identificação do povo com todas as coisas que estão ligadas ao nordeste e a cada estado e cidade. Vamos analisar um pouco...

Tem gente que vai pro Rio passar uns dias, daí vai numa festa... chegando lá, alguns dizem que são de Recife ou Fortaleza (na cabeça deles, já que são do nordeste, pelo menos que sejam das maiores cidades...tsc tsc). Outros imitam o sotaque do Rio, ou de alguma cidade "do eixo". Um amigo meu faz isso, porque, segundo ele, se não for assim, não pega ninguém (claro, porque é feio... queria ver se fosse Gianecchini, podia ser mudo que a mulher ia querer ele).

Meu Deus, se tem uma coisa que eu odeio, é complexo de inferioridade... o povo estigmatizou tanto o nordeste, que até a forma que a gente fala é feia...agora, se vier um morto de fome, analfabeto e feio do sul/sudeste para cá, ele já ganha alguns pontinhos, porque fala com o sotaque "charmoso"... Arrghh!!!

Muitos nordestinos tem mania de dizer: "nosso sotaque é feio demais". "Claro que é"... a gente nasceu e foi criado vendo a globo e ouvindo os sotaques carioca e paulista todos os dias. Em contrapartida, aprendemos que o nordestino é o favelado e matuto do Brasil, que foge da seca e vai inchar as cidades do sudeste. Aí, obviamente, a gente cria uma discriminação com o nosso próprio sotaque (e com nossa cultura como um todo).

Mas, como diria Belo e Soweto: "É tempo de aprender"! Chegou a hora de abrirmos os olhos pra nossas qualidades.

Já pararam pra pensar que se fosse o contrario (o Nordeste rico e o sudeste na seca), aí seria lindo falar "TIa" (como nós falamos) e horrível falar "TXIA", com esse chiado no T+I ? Inclusive, eu nunca consegui entender a lógica da coisa... T+A = TA / T+E = TÉ / T+O = TÓ / T+U = TU... Por que danado T+I = TXI??? Esse X saiu de onde?? Se tivesse esse X aí a letra T se chamaria TXÊ, e não TÊ. Se falar "TXI" fosse certo, era pra ser TXA, TXE, TXI, TXO e TXU. É um jeito ou outro (dessa vez não tem moral pro meio termo).

Valorizar seu estado e sua região é tão importante que, mesmo o sotaque gaúcho não sendo igualzinho ao da TV, muita gente do Nordeste diz que aquilo é um charme enorme. Por que isso? Porque o RS se dá valor. Os gaúchos amam sua terra, tem a bandeira do estado, amam seus times e tem até movimento separatista. Isso passa uma imagem ótima do estado (claro que também conta o fato de ser um estado rico; mas ser menos rico não é motivo para não se ter orgulho do que se é). É isso que um estado precisa para ser grande, ao menos em cultura. Precisa que seu povo se orgulhe de suas tradições, de seu folclore, seu sotaque, seus times, suas cidades. Quando os paraibanos e outros nordestinos passarem a compreender "Paraíba" como um motivo de enorme orgulho e não de vergonha, conseguiremos nos impor em relação às outras culturas.

Usei o sotaque anteriormente como um exemplo, mas isso acontece em vários segmentos. Cito mais dois:

1) A música: nordestino gosta de forró eletrônico pra beber e farrar, mas muitas vezes esquecem de Luiz Gonzaga e os outros monstros da música, que estão anos luz acima da maioria dos compositores e cantores desse país e equiparados aos melhores.

2) O futebol: nordestino torce pra time de Rio e São Paulo e esquece muitas vezes de seus times (salvo exceções de cidades nas quais isso acontece mais raramente). Muitos dizem: "ah, eu torço pra um time grande e pra o time da minha cidade, porque vou ficar torcendo pra um time só da Série C, é?" Ah, faz muito sentido... então, se o Flamengo um dia cair pra a Série C e o XV de Piracicaba estiver na série A, todos os torcedores do flamengo vão torcer pelo XV, né? Já que não dá pra torcer só por um time de Série C (Sei que tem muita influência da TV nisso tudo, mas não entrarei na discussão, pois sou um Trezeano muito chato e não sou apropriado pra abordar isso :P) .

Recentemente, passei uns dias em Sergipe, e lá pude observar que alguns dos sergipanos (como acontece em vários lugares do Nordeste) tem o tal complexo de inferioridade supracitado. Passam o tempo todo querendo se justificar: "Ah, é porque Aracaju é pequena", "Ah, mas também, Sergipe é muito pobre". Pelo amor de Deus, procurem mostrar suas qualidades invés dos defeitos.

Já imaginou se você chega numa loja pra comprar um carro e o vendedor chega dizendo: "Olha, esse carro aqui é bonzinho, mas consome demais. Mas também né, o motor já tá todo desregulado e o carro é um dos mais feios da categoria"? O cliente vai sair de lá com a certeza de que aquilo é ultima coisa que ele quer adquirir. É assim que funciona o marketing em todas as esferas: A gente tem que botar na cabeça que aquilo q a gente vende ou promove é bom e que aquilo é uma verdade absoluta. Você só vai explicar ao comprador, usuário ou turista, os atributos "perfeitos" que aquilo tem. Assim será mais fácil dos terceiros enxergarem as qualidades acima dos defeitos.

Por último, uma analogia simples. O Brasil é riquíssimo em cultura, certo? Os brasileiros, quando vão para outros países, vivem agarrados nas bandeiras, cantando hino, morrendo de babar o Brasil, né? O mundo todo concorda que o Brasil é um país extraordinário por sua cultura e riquezas naturais. Ótimo. Tá vendo como dá pra se orgulhar do Brasil estando na França, por exemplo? Mesmo o Brasil sendo bem mais pobre, mesmo eles pensando que nós vivemos em árvores, que somos todos corruptos e que aqui é mais perigoso do que no Iraque! Nós nos orgulhamos do nosso país como ele é, e, pra nós, é o melhor país do mundo. Aí é que tá... queria que todos os nordestinos começassem agora a cultivar um pouco desse sentimento na relação região/país, estado/país ou cidade/país. Levem o melhor de sua terra para os quatro cantos e façam com que até os habitantes do paraíso sintam inveja de você por morar onde você mora.

Talvez muitos venham a discordar de tudo que acabei de escrever. Mas, como numa guerra, mesmo que todos se vão (não me acompanhem na minha ideologia), mesmo que eu seja um soldado solitário, estarei até o fim de pé, com orgulho, empunhando as bandeiras do meu estado, Paraíba, da minha região, Nordeste, e do meu país, Campina Grande!

P.S.: Não estou defendendo que o nordeste é melhor do que o resto do país. Não seria hipócrita ou burro para não saber os grandes problemas que nós vivemos. Só peço que valorizemos as inúmeras coisas boas que temos. Que os sulistas exaltem os pampas, que os nortistas amem a amazônia, que os italianos adorem Roma. O que importa é que demos mais valor às nossas coisas, sabendo reconhecer também os valores das outras coisas, mas sem supervalorizá-los.

P.S. 2: Acho que todos os meus textos no fim das contas vão remeter à velha e boa insatisfação congênita do ser humano. :P

P.S. 3: A imagem boa do RS que eu me refiro não tem nada a ver com AQUELA fama que falam sobre eles. Essa eu não queria pro Nordeste. :D

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Feliz Aniversário, Campina GRANDE!



Salve Salve, minha rainha da Borborema, meu país, meu torrão natal, meu porto seguro, minha menina matuta, meu maior ciúme, meu eterno abrigo, meu verdadeiro lar;

Por ti, sou bairrista redundante, filho apaixonado, nativo exagerado, “campinagrandense” da gema, bodoconguense convicto, borboremense exaltado;

Peço licença aos leitores das outras cidades, para na semana no teu aniversário, te saudar pelos 144 anos de valentia, te abraçar pelos 144 anos de hospitalidade e te beijar mesmo distante, pois posso até ter saído do teu colo, mas onde quer que eu vá, sempre te carregarei comigo!

Hoje quero brindar 144 vezes com todos os apaixonados por ti! Brindaremos às coisas mais pequenas, mas de um significado ENORME a cada filho teu! Brindaremos às tuas memórias e ao teu presente... Brindaremos por...

1. Ter chegado de viagem a noite no giradouro da Avenida Brasília, desligado o ar-condicionado do carro, descido os vidros da janela, colocado o braço pra fora e sentido o puro ar serrano, com o sentimento de: “Estou em casa!”.
2. Ter dado milho aos pombos na praça da bandeira. [e rezado pra não ser acertado com excrementos dos mesmos]
3. Ter comprado um jornal ou revista na Banca do Orlando. [e os ingressos de todas as festas]
4. Ter assistido um clássico dos Maiorais [De preferência na Geral e com Vitória do Treze, coisa frequente].
5. Ter enfrentado fila em Motel, no dia dos Namorados [Isto é, se conseguiu entrar].
6. Ter ido pro calçadão no Sábado de manhã só pra resenhar [E já que tava lá, fez uma fezinha na loteria e tomou um chopp no São Braz Coffe Shop].
7. Ter pego um ônibus errado e ido parar nos Cuités, Vila Cabral, Serrotão, Bairro das Cidades, Velame ou Nova Brasília [rsrsrs... Não vou ser radical, se conheceu um desses tá valendo!].
8. Ter jogado no playtime do centro. [Tempo bommmm!]
9. Ter ido na Matinê no Capitólio [antes de virar putaria, hehehe].
10. Ter freqüentado o Campestre [sendo o sócio ou de penetra].
11. Ter almoçado em família no Miúra, no Domingo.
12. Ter freqüentado o Bar do Cuscuz, desde quando era lá em Nova Brasília.
13. Ter saído de um show no Spazzio na vassoura.
14. Ter saído em dois blocos na Micarande, no mesmo dia.
15. Ter na memória saudosista recente as quintas do Magia do Verde.
16. ...da Marrom Café e da Vogue.
17. ...da Rush e da Templo.
18. ...da Aldebaran e da Queen [Queen??? hehe! Tem quem goste também!].
19. ...da One e da Casa do Navio.
20. Ter dançado com Furdunço no “Domingo tem Pagode” do Koliseum.
21. Ter passado 2 horas no engarrafamento pra chegar na Vila Forró. [E ter enchido o pé de lama, na mesma Vila].
22. Ter enganado os seguranças pra entrar na Estação da Cachaça.
23. Se foi na Zona Leste... já ter bebido em Ceboleiro e comido no Sabor de Mel.
24. Se foi da Zona Sul... já ter bebido no Bar do Queiroz e comido no Pastel da Liberdade.
25. Se foi na Zona Oeste... já ter bebido no Bar do Brito e comido em Alexandre da Carne de Sol.
26. Se foi na Zona Norte... já ter bebido na Cabana do Gino e comido na Empadinha.
27. Ter tomado um sorvete na Shup´s ou Casquito. [Pros mais antigos tem a Riviera e a Flórida, hehe].
28. Ter gaseado aula pra ir pra praça da bandeira.
29. Ter roubado chocolate nas Lojas Brasileiras.
30. Ter acreditado que o The Place era pra sempre.
31. Ter fingido ser atleta no Parque da Criança, pelo menos por uma semana.
32. No São João, ter atravessado a pirâmide, em plena noite de Sábado.
33. ...Ter apostado R$ 10,00 com os amigos, na espingarda de chumbinho.
34. ...Ter ido ver os shows no palco principal e tomar um verdadeiro banho de chuva.
35. ...Ter ouvido Madruga cantar “Olha pro Céu meu amor” e assistir os 10 minutos de fogos [e ficar com o pescoço doendo].
36. ...Ter ido todos os dias da semana [E ainda achar ruim porque na segunda acaba cedo - Menção honrosa claro, para os heróis que vão as 31 noites].
37. ...Ter se entupido de Tapioca, Crepe, milho, pamonha, Maçã do Amor, Macaxeira, Carne de Sol...
38. ...Ter se entupido de Dona Encrenca, Capeta, Pau do índio, Serra Preta, Volúpia, Talante...
39. Ter ido pra Galante no Trem do Forró [e voltado só a bagaça].
40. Ter ido pra Galante de carro [e deixado o carro quase na BR].
41. Ter rejeitado um carnaval pra ficar no encontro da Nova Consciência.
42. Ter feito programinha de casal no Picanha 200.
43. Ter virado a noite no Hungry Tiger. [na gramaaaaa]
44. Ter comido coração de galinha no Chamas Bar.
45. Ter provado o escondidinho do Bar da Curva.
46. Ter comido caldinho de peixe vizinho ao Hiper. [muito melhor que o da praia].
47. Ter almoçado tranquilamente em Pedrinho da Picanha;
48. Ter comido pizza na Sapore; [depois de ficar na fila].
49. Ter terminado a noite no Amarelinho [de preferência sem tiroteio].
50. Ter lanchado na La Suissa; [eu só acho caro, hehe].
51. Ter assistido algum filme dos Trapalhões no Babilônia.
52. Ter alugado fita VHS na Tela Vídeo.
53. Ter pedido um número 8 a Idalécio no Sanduba Club. [já conteporâneo].
54. Ter comido uma batata recheada queeeeente no Madrugão.
55. Ter terminado a noite comendo um especial lá em LindoOlhar [desde a época do Framburguer].
56. Ter pedido um arrumadinho a Chico Xavier lá em Manu´s Bar.
57. Ter passado um dia inteiro na Maciel Pinheiro e não comprado nada.
58. Ter ido pra chegada do Papai Noel no Parque do Povo.
59. Ter ido pro parque Universal passar mais tempo nas filas no que nos brinquedos. [e se aproveitar das puritanas, no SAMBA]
60. Ter saído de uma formatura direto pra tomar café da manhã na feira da prata! [Kaiser com tapioooooca de Dona Maria].
61. Ter ido pra o show de Shaolin todo ano e rir das mesmas piadas!
62. Ter virado a noite no Big Mix, rindo da lombra de Mahal.
63. Ter caído na moda do Cercado.
64. Ter acompanhado a tradição de Manoel da Carne de Sol.
65. Ter visto o atual "Bar Cowboys" mudar de nome e ramo quinhentas vezes.
66. Ter se embriagado na sexta a tarde, no Cantinho Universitário.
67. Ter freqüentado ou conhecido as histórias da Boate Eskina...
68. ... da Maria Fumaça.
69. ... do Refavela.
70. ... do Castelo da Prata [que foi derrubado].
71. Ter conhecido ou ouvido as histórias de Pedro Cancha [o homem que inspirou Gavião]
72. ... de Biu do Violão [o único que Roberto Carlos dá uma moralzinha].
73. ... de Zé Gia. [o dono da Catedral]
74. ... do Gordinho do Calçadão [a maior celebridade contemporânea].
75. ... de Roberto [dançador das caixas de som do Parque do Povo, falecido ano passado].
76. …de Zé Bonitinho parando todo mundo no semáforo da Igreja do Rosário ["Ets a rare... Loringola rare..."].
77. … de Valter do Chá [“Quem é o corno que vai querer essa merda?”].
78. ... do baixinho do Amendoin [o homem mais onipresente de Campina Grande].
79. ... de Josa do Treze [eterno Paizim].
80. ... do Jacaré do Açude Velho [esse sim, figura iluuuuustre, de família grande!]
81. Ter curtido as canções de Capilé [e a tiazinha].
82. ... de Biliu de Campina [no pé da cajarana].
83. ... de Amazan [e a Be-benedita Apa-parecida].
84. ... de Ton Oliveira [que deixou a casa pra morar no cabaré e depois voltou].
85. Por falar em Cabaré, brindemos de Maria Garrafada à Irani. [e a elite de Márcio]
86. ... Do Campina Grill ao forró do candieiro. [reduto dos forasteiros, hehe!]
87. ... Da Tábua de Carne ao Bar da Codorna.
88. ... Do PV ao PL [Arghhh].
89. ... Do 15 [que já foi 11 e 12] ao 45 [que já foi 15]
90. ... Do Açude Velho ao Açude Novo.
91. ... Do Cine São José ao Multiplex 5 [só a acústica que não melhorou tanto, rsrs].
92. ... Do Clube dos Caçadores à AFRAFEP.
93. ... Da Santa Clara ao Hospital da FAP.
94. ... Da GUGA à TORA.
95. ... Do Meninão ao Amigão.
96. ... Do Rosil Cavalcanti ao Teatro Municipal.
97. ... Do Premen ao Colégio Motiva, da Prata ao Colégio das Damas.
98. ... Do Forrock ao Vale do Jatobá.
99. ... Da Catedral à Igreja do Rosário.
100. ... Da Feira Central ao Parque Tecnológico.
101. ... Da Campina FM à Caturité AM.
102. ... Do Shopping Center Campina Grande ao Iguatemi.
103. ... Do Hotel Aurora ao Garden Hotel.
104. ... Da Socimasa ao Hiper Bompreço.
105. ... Do Pike ao Coyote Maluco. ["...é o bicho, é o bicho, vou te devorar..."]
106. ... Do Edifício Rique ao Edifício Lucas [e todos que pularam dele].
107. ... Do Ponto Cem Réis ao Buraco da Gia.
108. ... Do Posto Cavesa ao Posto Futurama.
109. ... De Galante a São José da Mata.
110. ... Da FIEP ao SESC Centro.
111. ... De Pedrinho Cangula a Adelino, o Leão.
112. ... Do Mulheres de Areia ao Donas da Noite.
113. Brindemos a quem é do Willy House [Chopp, Rivelino!!!], mas brindemos também quem foi do Chopp do Alemão.
114. Brindemos aos do Boteco, mas também aos do Beco 31.
115. Brindemos ao Cerveja e Côco, mas também aos do Batata. ["Não posso viver, ser um amor assim..."]
116. Brindemos ao Piu-Piu Amarelinho, mas também ao Papa Léguas.
117. Brindemos ao Espetão, mas também ao Choppilek. [e o picado de bode continua fodástico!].
118. Brindemos à Vila Antiga, mas também ao Bom Baiano.
119. Brindemos à Estação Music, mas também à Boate Cartola.
120. Brindemos à UFCG, mas também aos que foram UFPB.
121. Brindemos à UEPB, mas também aos que foram FURNE.
122. Brindemos aos da Fava do Léo, mas também aos do Bar da Fava.
123. Brindemos à Livraria Cultura, mas também à Livro 7.
124. Brindemos ao CUCA, mas também ao CEU.
125. Brindemos aos que são Banana Beer, mas também aos que foram Batata Bizz.
126. Brindemos ao Bar de Rostand, de Ferreira, do Chico, do Genival e do Miguel.
127. Brindemos ao Galo de Campina, ao Baku Baku, ao Uau, ao Alo Você, ao Spazzio e ao Spazzito. ["Nessa constelação de luz neon, herança de um batom cor de maçã"]
128. Brindemos à Conceição, Liberdade, Zé Pinheiro, São José, Malvinas, Palmeira e Bodocongó. ["Eu fui feliz lá no Bodocongó, com meu barquinho de um remo só"]
129. Bridemos à Floriano Peixoto, Barão do Abiaí, Vigário Calixto, Almirante Barroso, Rodrigues Alves e Manoel Tavares.
130. Brindemos ao Festival de Inverno e ao Festival da FACMA
131. Brindemos aos desfiles inacabáveis de 7 de Setembro.
132. Brindemos aos Tropeiros da Borborema e a Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro.
133. Brindemos ao Recanto do Picuí, a Cabana do Possidônio, ao Baiuka, à Gauchinha e ao Chapéu de Couro.
134. Brindemos ao Boa Esperança, El Gigante, Celeiro e Barateiro.
135. Brindemos ao CDI, NESA, Hipócrates, Objetivo, Fenix e CPUC.
136. Brindemos a teu céu noturno laranja! [descoberto por Elvis]
137. Brindemos à Musidisco e a Globodisk [e as fitas k7].
138. Brindemos ao restaurante Tóquio de comidas chinesas.
139. Brindemos à única cidade do MUNDO que fabrica Havaianas
140. Brindemos à Praça Clementino Procópio, Praça do Trabalho e da Morgação.
141. Brindemos as lembranças do Cassino [Cabaré] Eldorado
142. Brindemos à BACURAAAAU! [Detonando os elementos de alta periculosidade!!!]
143. Brindemos aos CEGOS E SURDOSSSSSSSS! [Teus filhos]
144. Brindemos a mim e a você!

...e talvez tudo pareça pequeno, provinciano, matuto, mas é cada pedaço pequeno dessa tua história que me faz sentir VAIDOSAMENTE MATUTO por pertencer a ti!

Feliz Aniversário, minha Campina GRANDE!!!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

That 00's show!

Com frequência, escuto por aí algumas pessoas mais velhas falando dos tempos passados. "Os anos 60 foram ótimos...", "Ah, a década de 70 foi a melhor", "Morro de saudade dos meus brinquedos dos anos 80!". Creio eu que todas essas pessoas que falam coisas desse tipo tenham milhões de recordações maravilhosas desses tempos. Mas o que acontece? Pessoas que não viveram determinadas épocas, por ouvirem falar tão bem desses tempos, acabam fazendo uma imagem utópica dessas décadas. Isso é uma das coisas que aguçam e justificam a insatisfação congênita do ser humano tratada em outro post (não leu? clique aqui e entenda melhor!).

Ouvir que tais épocas eram maravilhosas é tudo que o ser humano quer pra dizer que o mundo não é mais tão bom quanto na época dos seus pais. Claro, a gente nunca vai poder voltar no tempo (ou vai?) pra comparar as duas épocas distintas... e isso é somente o motivo que a gente quer pra ter mais uma coisa pra reclamar. Cria-se um mito. É mais ou menos como Pelé. Eu não tenho dúvida de que ele tenha sido o melhor de todos os tempos, mesmo tendo visto muito pouca coisa dele. Mas os antigos viram e dizem que ele foi. Já virou um fato; em breve os mais velhos morrerão e só restará a certeza: Pelé foi o melhor e hoje em dia não nascem mais jogadores como naquela época. (e quem é que vai poder comparar? (vídeos são muito falhos)

Isso de não se dar o devido valor às coisas no presente é algo que acompanha a humanidade há aproximadamente TODOS os anos. É aquilo que a gente cansa de dizer: "A gente só dá valor quando perde". Por isso que, ao longo da história, o que a gente mais vê são gênios que morrem pobres, mas, depois que morrem, viram nome de rua, de museu, aeroporto, o escambal, e a família ou os empresários lucram em cima deles.

Certo... fiz todo esse introit para levantar a bandeira de uma causa que eu defendo: Ao invés de ficarmos invejando as décadas passadas, vamos abrir o olho para a década incrível que nós estamos vivendo! Vamos gozá-la! Vamos assistir o That 70's Show* apenas para dar uma risadas, com consciência de que aquela foi sim uma época boa, mas já passou. Estamos vivendo agora o 00's show! E o melhor... somos protagonistas desse show e não platéia saudosista de algo que nem conhecemos! Somos platéia consciente, somos partícipes e somos autores desse show!!

Será que o povo não tem consciência do que a gente tem vivido nessa década? Ela já começou especial; tivemos a honra de iniciarmos um século e um milênio. Lembra da liberdade de expressão e cultural tão almejada nas tão invejadas décadas de 60 e 70? Agora nós a vivemos! Roupas sem preocupação demasiada com pudor, cabelos rebeldes (se quiser), tatuagens, piercings. Hoje nós podemos ser quem quisermos.

Nessa década vimos o Brasil ser pentacampeão, vimos um dos maiores atentados da humanidade (não que seja bom, mas foi marcante :P), vivemos uma revolução na comunicação com a difusão da internet e dos celulares, que passaram a ser acessíveis a todo mundo.

São mil evoluções que marcam esse período, se fosse ficar citando aqui, o texto ficaria grande demais. Mas, pra mim, a maior evolução é a da liberdade. Como é bom podermos fazer músicas com as letras que quisermos (por pior que sejam, mas podemos), como é bom sair de casa sem hora pra voltar sem ferir os costumes da sua família, como é bom sair e beijar quem você quiser sem ser visto como um traidor da moral (crianças, não façam isso!). Se as mulheres lutaram, por muito tempo, por direitos, hoje elas bebem, caem e levantam, vão pra onde querem, saem quando querem, casam com quem querem (é pra ser assim, quem não é ta vivendo idéias retrógradas).

Se os nossos pais se orgulham ao ouvir "Caminhando contra o vento sem lenço e sem documento", por saberem que viveram uma revolução, uma época que, pra eles, foi de ouro, eu cantarei com lágrimas nos olhos para meus filhos: "E a mulherada toda de pé no chão, com os tamanco na mão, com os cabelo assanhado, e eu na gandaia muito louco, doidão, com o litro na mão, bebo envernizado" (inclusive, Aviões do Forró foi mais importante pra minha geração/curtição do que Caetano Veloso (não falo de qualidade musical!)); cantarei também com o orgulho de termos vivido uma revolução. Vivemos a época das micaretas (junto com a década de 90), vivemos em toda a década festas populares como O Maior São João do Mundo (e festas equivalentes variando de região pra região), em que pudemos fazer o que quisemos e ser felizes por sermos quem somos.

Resta-nos 1 ano e 3 meses dessa década. Portanto, vamos aproveitá-la! Vamos viver nosso iê-iê-iê, vamos curtir nossos tempos da brilhantina e nossos embalos de sábado à noite, da nossa forma, sempre com paz e amor, bicho, para que nunca mais precisemos invejar a geração de ninguém, se o que nos traz felicidade é o presente! Façamos um final brilhante para o último ato do espetáculo que já se aproxima e depois é só arregaçar as mangas e começar o That 10's show!

P.S.: A propósito, como se chama essa década? Década de 2000? (O.o) Década de 00?? Estranho... :P

P.S.2: Se a gente parar pra reparar, todos os mais velhos que falam das décadas "encantadas" deles falam dos anos em que eram jovens. Portanto, o segredo para que o show nunca se acabe é nunca deixar a juventude acabar dentro de você.

*That 70's show é um seriado americano que fala da década de 70.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Olhos de Ressaca...

Após um realista (demais) e polêmico (demais também) texto do nosso blogueiro-filósofo de bodocongó - Igor Mago - este post retoma temas relevantes para a cultura nacional.

Como é bem sabido por todos (assim espero), este ano se comemoram os 100 anos de morte do, quase unanimamente, considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis (é engraçado, né? Comemorar a morte do coitado, parece até que ele fez um mal ao Brasil). Tenho a ilusão de que Joaquim Maria Machado de Assis é um velho conhecido nosso, pelo simples fato de desfrutarmos de sua companhia desde os tempos do colegial, quando a simples leitura de O Alienista ou Quincas Borba era configurada como tortura ( não gosto nem de lembrar).

Meu propósito para este post foi de comentar algo mais específico de sua obra mais polêmica: Dom Casmurro. Antes de perder tempo com enigmas baratos do tipo "Capitu traiu Bentinho?", pretendo abordar algo mais intrigante: Capitu e seus olhos de ressaca. Mas afinal, o que vem a ser os olhos de ressaca? Grosso modo, podemos dizer que é quando as pessoas (mulheres estão na pole) nas festas, ou no outro dia, enchem a lata e ficam com cara de peixe-morto. Nada disso, caríssimo leitor. Segundo Bentinho, ela tinha um olhar de ressaca, olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Algo como periguete da época, em suma.

Caso Capitu vivesse nos dias atuais, ela iria ter uma pesada concorrência. Muitas mulheres, mesmo sem terem tido nenhum contato com tal obra, incorporaram perfeitamente o espírito da coisa. Nós homens, coitados, somos previsíveis de dar dó e piedade. Já o sexo oposto não! É capaz de dar-te um beijo com a mesma desfaçatez que empurra um punhal nas tuas costas. Capitu traiu Bentinho? O autor até hoje provoca nossa inteligência com essa questão, é um olhar tão poderosamente descrito por ele que jamais poderíamos medir, pesar ou situar o seu tamanho e intensidade.

Isso me faz recordar que no São João, uns amigos me mostraram uma menina que era comprometida. Nossa! Que mulher (perdão, Senhor)! Olhos verdes, corpo esguio, cabelos longos e sinuosos, olhar meigo e apaixonante. Quando tentava decifrar aquilo, um deles me chama para o lado e diz: "Betão, essa menina tá saindo comigo..." Caracoles! Como pode? Reconheci no mesmo instante o acompanhante dela. O cara era super-apaixonado, me falava que aquela era a mulher dos seus sonhos, etc e tal. Nesse instante o casal de pombinhos passa por nós, eis que a menina de olhar doce e apaixonado olha para trás e simplesmente DEVORA o meu amigo (nem Flora da novela das 8 conseguiria atuar daquela forma). Sim, caríssimos, ela devorou com um simples olhar. Simples não, porque aquilo era por demais composto. Tal garota transformou-se na personificação perfeita para mim do que poderia ser uma Capitu nos dias atuais.

As mulheres traem? Sim (Nem todas! Calma, eu sei que você, leitora, jamais faria isso, não precisa fechar o navegador), com tanta eficiência e capacidade que até os detetives mais tarimbados encaram verdadeiras maratonas para pegá-las no flagra, e ainda correndo o risco do marido não acreditar na gravação ou nas fotos colhidas durante a investigação (mas isso aí é tema para outro post). Elas traem com qualidade, digamos assim, enquanto nós homens traímos em quantidade [via de regra (os que traem, eu não)]. Elas são por demais complexas e imprevisíveis. Ainda não inventaram memória (hd) que suporte as variáveis possíveis que possam acontecer na cabeça delas. Seria tão legal se fizessem tal qual a Esfinge da mitologia grega: "Decifra-me ou devoro-te!!!" - Ficaria com a segunda opção.

P.S.: As mulheres traem com olhos de ressaca. Mas, nessa ressaca só quem sente a dor na cabeça é o pobre do corno... ela passa essa ressaca sem nenhum mal-estar.

domingo, 28 de setembro de 2008

Anos rebeldes... Ânus rebeldes!

Após um belo [mas fantasioso] texto do nosso [ilustríssimo] blogueiro Beto, falando sobre os paradigmas do amor [não leu? Clique AQUI que merece], eis que vamos voltar a nossa programação normal de mundo [Bem menos poética e mais polêmica]. Beto, eu prometo que ainda farei um texto sobre a minha visão do amor contemporâneo, mas vamos deixar para um segundo momento. Hoje, quero apenas comentar três notícias que me fizeram refletir [nausear] nas últimas duas semanas, sobre o quão moderna [cabarelizada] está a nossa sociedade.

Semana passada, deparei-me com a seguinte manchete: “Mulher traída leiloa calcinha da amante” [Lá fui eu, gastar meu precioso tempo pra ler esta preciosidade urbana]. Pois bem, a danada da australiana, não achou por menos ser traída e ainda decidiu promover um leilão na tentativa de difamar o marido. A verdade é que o fato teve repercussão internacional e a senhorita com certeza foi bem mais ridicularizada de que o "glorioso Calabar”! [É aquela história de que se a merda ta feita, não mexe que fede mais!]

Muitooooo mais inteligente foi a brasileira [Não que eu concorde, mas reconheço a esperteza, hehe]. Tomou um chifre e processou a amante por danos morais. Na primeira instância obteve ganho de causa e poderá receber uma indenização de R$31 mil. Fico imaginando, caros leitores, se essa moda pega no Brasil [Um minuto de silêncio]. O que vai ter de neguinha pedindo pra tomar chifre não está no gibi [Já estou vendo até manchete de jornais falando do novo “golpe do chifre”]. Por outro lado, poderemos ter o maior índice de falência por pagamento de indenizações já registrado no Brasil [Quer conhecer um candidato a pobre? Seja homem ou mulher! Vá ao espelho! Já fiz esse exercício!].

Por fim, fechando este novo conceito de sociedade, a notícia mais preocupante: “A comercialização de cabaços”. Primeiro foi uma norte-americana que leiloou sua virgindade para bancar os estudos. Depois a modelo italiana, que está querendo vender seu hímen por [inacreditáveis] dois milhões e meio de reais. E como esse tipo de pureza não demora a chegar no Brasil, a sobrinha de Gretchen, Carol Miranda, estuda vender sua virgindade para uma produtora pornô por 500 mil reais [Virgem?!?].

Eu fico imaginando que daqui há alguns anos, o cara vai na balada, fica com a mina, começa a pegação, vai pro carro, a coisa esquenta e pá... até que na hora de encurtar a distância, a mina vai soltar um: “Não... só podemos ir até aqui, porque daqui pra frente está a garantia da minha casa de praia!” [Vai encarar maluco? Eu não acho graça!]. O pior de tudo é que com certeza terá algum louco que vai achar o máximo e vai pagar [Agora me diga qual é a graça de comer um “Kobe Beef” - uma das carnes mais caras do mundo - mal passado? Bem... pelo jeito, há rico e besta pra tudo!].

Enfim, quem tiver filho novo, aconselho a fazer uma poupança desde cedo para que no futuro ele não sofra com o pagamento de indenizações ou então precise de um extra pra desvirginar uma moça financeiramente careeeente [mas do jeito que vai, talvez o governo crie a Bolsa Cabaço]; Se for uma filha, de beleza exterior patente, pode ficar tranqüilo, se ela não for bem nos estudos, pelo menos ela tem um hímen como garantia [Parem o mundo pra eu descer!].

No mais, aposto que em 10 anos, [infelizmente] ninguém vai mais se impressionar com estes tipos de notícias! Afinal, anos rebeldes, ânus rebeldes... [fico aflito só de pensar qual será a próxima pérola!]

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Quem te viu, quem TV...

Alguma coisa de errado vem acontecendo com a TV brasileira nesses últimos anos.
Não sei se fui eu que abri os olhos com o avanço da idade ou se a programação está cada vez mais fraca, mas a verdade é que tá ficando mais difícil suportar certas coisas que acontecem na programação nacional.

Enquanto a qualidade técnica dos nosso canais é boa, ou pelo menos aceitável, a nível mundial, a programação está muito aquém, salvo alguns programas que são de respeito. Mas, o que acontece é que, se você não está envolvido com nenhuma novela, pouco resta pra se acompanhar na televisão.

Se o cidadão for humilde e tiver sua simples anteninha interna, no seu aparelho vai pegar (se ele morar numa região com bom sinal) a Globo, o SBT, Record, Band, RedeTV e Cultura (Tomando por base minha cidade, Campina Grande). Aí o cidadão vai lá e liga a TV de manhã... começa com uma mensagem triste de apelativa recitada pela insossa Ana Maria Braga. Depois são umas 2 horas de programa mostrando comida e entrevistas com algumas pessoas que até seriam interessantes, mas que guiadas por ela, conseguem ser enfadonhas. Isso só pra começar o dia com o pé direito. (Na verdade seria muito mais interessante se o programa fosse regido pelo Louro José, aquela cadelinha ficasse contando piadas e Ana Maria ficasse encoleirada em algum lugar do cenário.)

Ao longo da programação, a breguice assola a nossa TV... Eu sou fã de Sílvio Santos, do personagem Sílvio Santos e do empresário Sílvio Santos, mas do produtor Sílvio Santos eu tenho pavor. Já não bastasse ressuscitar todos os programas da década de 80, eles ainda voltam com o MESMO cenário! Custava algo botar umas coisinhas digitais ao invés de lâmpadas se apagando na contagem de tempo do "Qual é a música"? E aqueles dubladores com a cara pintada e cheia de purpurina?? Deus os perdoe, eles não sabem o que fazem.
"A praça é nossa", que já conseguiu ser engraçado um dia, hoje desperta ódio e deve traumatizar crianças país a fora.

Falando nisso, parece que os programas de humor do Brasil sofrem de alguma síndrome que vai acabando a graça deles com o passar do tempo; algo degenerativo, tipo um Alzheimer do humor. Casseta e Planeta era ótimo no início, era motivo de debate nos colégios no dia seguinte. Hoje a única risada que conseguem arrancar é a da cobrinha que aparece na vinheta deles (como diz meu pai). Rezo para que descubram a cura para isso antes que a turma do Pânico e do CQC também sejam afetados (Zorra Total não sofre dessa doença, pois nunca foi engraçado). Enquanto isso, Chico Anísio tá aí, desempregado ou numa geladeira. Vai entender...

Até quem tem algum programinha interessante consegue deixar brega a coisa... existe coisa mais sem lógica do que a voz do locutor dizer "Boa tarde, Luciano" toda vez que começa o caldeirão do Huck?

No quesito filmes, até que aparecem uns ou outros que prestem de noite. Mas, à tarde?? Se você der a sorte de ligar na Globo e não estar passando A Lagoa Azul, vai se deparar com algum filme de animal que pratica esporte ou algum no estilo High School, com "da pesada" ou "do barulho" no título. Aliás, quem aqui discorda que seria bem melhor que Serginho Groisman fizesse um programa vespertino – como o antigo Programa Livre – pra ser passado no lugar da sessão da tarde? Enquanto isso, ele tá lá, passando uma vez por semana, na madrugada de sábado, enquanto boa parcela da população ta bem mais preocupado em tomar uma e paquerar do que com a televisão.

E os programas de discussão familiar? Regina Volpato, Marcia Goldschmidt, Silvia Popovic! Ai, ai, ai... eu não acredito que alguém acompanhe aquilo sem ser com a intenção de rir da situação ridícula que aquele pessoa se expõe (se é que aquilo não é combinado).

Mas, me parece mesmo que é algo que vem de cima... até no velho e bom futebol, garantia de salvação da programação do domingo, eles conseguem escolher o pior jogo entre os 10 da rodada. Podem reparar, na maioria das rodadas acontece mais ou menos assim, o jogo vai lá rolando naquele marasmo e a bolinha aparecendo na tela dizendo que tem gol nos outros jogos. Fim da rodada; resultados: 4x3, 5x2, 3x0, 2x1... e o jogo da TV? 0x0 - Parece até que é combinado pra que a TV não possa dar alegria.

Diante de uma TV local tão recheada de coisas inúteis, quem tem algum dinheirinho a mais compra uma parabólica. São cerca de 25 canais a mais. Ou seja, 25 motivos a mais para se ter raiva! Agora você tem acesso direto a coisas irritantes como umas vaquinhas correndo na tela, jogo de futebol do campeonato sueco, os discursos animadíssimos dos deputados e senadores, óperas (essas eu gosto, mas quase ninguém gosta), pessoas vendendo coisas... São canais que ajudarão bastante caso você tenha tendências suicidas. Eles te ajudarão a colocar em prática seus desejos. :P

Aí vem a solução: já que a TV nacional não nos dá quase nada que preste, o segredo é pagar por uma TV por assinatura, certo? É um serviço nacional que nos oferece vários canais internacionais, pra todos os gostos. Na teoria seria a solução, mas devo confessar que quando eu tive uma dessas, passava cerca de meia hora na frente da TV vendo uns 105 canais e me decidindo. Era tanto canal que eu via um, gostava e pensava: "Vou ver se tem algo melhor
nos outros. Se não tiver, volto pra esse." Aí, quando terminava de passar pelos 105 canais, o programa que eu tinha gostado no primeiro já tinha acabado. Depois de um tempo desisti da TV por assinatura e resolvi me render aos estresses da TV aberta mesmo.

Mas, pra não ser tão radical, admito que no emaranhado de Sônia Abrão, Leão Lobo, Luciana Gimenez, Gugu, Mutantes, Canavial de Paixões, Casos de Família e tantos outros, existem coisas de qualidade como Jornal Nacional, Programa do Jô e mais alguns que vão seguindo uma escala evolutiva até chegar ao eterno rei da TV Brasileira: Chaves!

No fim das contas, eu nem posso reclamar muito, se fosse alguém realmente inteligente, não teria passado tanto tempo na frente de uma TV procurando algo de bom, já que eu podia ir numa biblioteca e ir diretamente em algo que certamente seria inteligente.

P.S.: Gostaria de ter tido coragem pra falar sobre aquele rapaz vestido de Superman que fica na platéia do Faustão, mas quis poupar meu coração de tanta contrariedade.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O amor é ridículo...

Em nossa tenra infância, quando a professora nos coloca ao lado de uma menina, logo reclamamos: "Não sou menina! Não quero ficar aqui". Se é uma menina vai dizer: "Aqui, não! Menino é muito chato".

Anos mais tarde, já adolescentes, saímos pra paquerar em turma, música alta no carro, cervejas na mão, gargalhadas iradas, conversas no mIRC (sou desse tempo), comentários sobre o mulheril que passa... Já as meninas se vestem para as amigas, trocam segredos, confabulam sobre cada resposta a dar ao namorado. Uma vez adultos, o casal se tranca no quarto, longe dos olhos alheios. E, velhos, vão rir gaiatos de suas memórias.

Em todos os tempos, da criança ao velho, o encontro entre um homem e uma mulher - o amor - é vivido fora do mundo. Há uma vergonha em todo amor, uma quebra na harmonia do conjunto. Amantes são cúmplices que fazem os outros se sentirem excluídos. As relações entre os que se amam seguem regras próprias (regulamentos internos mais complicados que o da série C) que atemorizam os que estão à volta. Não é possível pedir segredo a uma parte do casal; inevitavelmente, o outro ficará sabendo.

A sociedade no geral, reage ao amor, às expressões amorosas, banindo-o do seu bojo, como fazem as empresas. Como não dá para mandar todos embora, expulsa-se o amor, considerando-o ridículo. Sim, o amor, aquela diferença (sutil para muitos) que a comunidade não suporta, acaba sendo tachado de ridículo, a ponto de surgirem expressões quando se descobre alguém amando, do gênero: "Eita bichão, tas fudido!!!", ou "Vixiiiii, é um mané mermu, esse caminho é sem volta amigão!", evidenciando assim a tentativa de ridicularizar ou culpar quem ama. Ficar apaixonado então, pode ser visto como uma fraqueza, daí se dizer: "Estou arreado os 4 pneus por ela". Por que "arreado"? Por que não elevado?

É preciso tolerar o ridículo do amor se você mesmo não quiser ser rídiculo. No fundo, no fundo, o amante tímido, o namorado contido é que são ridículos. Fugir do ridículo do amor pode transformá-lo em rídiculo também!

Fernando Pessoa, sob o nome de Álvaro de Campos, assim escreveu:

Todas as cartas de amor são
Rídiculas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Rídiculas.
(...)
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Rídiculas.



p.s1- O autor desse post não está sofrendo por amor no momento, isso seria rídiculo! kkk!
p.s2- Nunca diga: dessa água não beberei.

Um bon potugueis é nesseçario!

Não sei se eu sou muito intolerante/impaciente ou se isso acontece com todo mundo. Vocês já leram um texto ou conversaram com uma pessoa e tiveram raiva ou abuso dessa pessoa por causa dos erros grotescos de português cometidos!?

Meu Deus! Eu fico em tempo de correr doido quando vejo alguns erros que passam do limite do aceitável. "Mim dá um presente", "quero uma bicicleta pra mim ir se exercitar." Aff! Mim Tarzan fica em tempo de MIM enforcar num cipó com esse linguajar de índio aprendendo português. Como Ígor disse em outro post: Mim não faz nada. Mim é uma pessoa inanimada!

Sinceramente, ter uma noção básica do nosso idioma é reduzir bastante suas chances de ser motivo de chacota. Até na esfera do amor/paqueras (já notaram que 99% dos posts desse blog acabam falando desse assunto? :P). Imagine que cena linda: Você conhece uma menina/rapaz e tá ali naquela conversa interessante, aí no final a pessoa te solta um "apois ta certo, amaistarde eu ligo pra tu" (!!!!!!) Dá vontade de levar direto pro altar (pra não dizer uma jaula), né? (falando nisso, eu tenho uma amiga que jura que pegou abuso de um ex-namorado porque ele falava SEJE invés de seja.)

Deveria existir um esquema de perda de pontos pra quem falasse ou escrevesse coisas esdrúxulas (como acontece com a carteira de motorista). O cidadão ia sendo punido, e quando perdesse 20 pontos era afastado da sociedade por ser considerado perigoso, sob pena de ficar 1 ano trancafiado numa escola de letras. Se fosse um simples "impolgar" no lugar de "empolgar", perderia 1 ponto. Um "eu fui mais minha prima no banco", já perderia 5 pontos. E pelos insuportáveis "framengo", "imbigo" e "menas" (!) perderia 25 pontos, os 20 da carteira e ainda ficava devendo.

Não sou hipócrita de pedir que alguém escreva na forma culta, até porque, como vocês vêem, meus textos não seguem tal forma. Aliás, peço por favor que não escrevam nem falem assim. Seria no mínimo entediante escrever um e-mail pra um amigo assim: "Caro Joãozinho, não obstante estar com o tempo muito corrido por causa da infindável labuta diária, venho, através desta, felicitar-te por mais um aniversário. Escrever-te-ei novamente em breve, se o destino assim me permitir. Ósculos e amplexos!"... aí pra completar era só vestir o terno, colocar o chapéu coco e colocar um ótimo disco de Orlando Silva na vitrola: pronto, estaríamos nos anos 30.

É verdade que a língua evolui junto com os povos. Mas essa evolução da língua não justifica algumas coisas grotescas. Neologismo e a mutação perene dos idiomas diferem bastante de ignorância e desconhecimento das formas corretas de se falar e escrever.

Por exemplo: No Brasil - nos estados que usam "tu" ao invés de você (que já é invenção de brasileiro) - é normal falar "tu é", "tu vai", "tu está", ao invés de "tu és", "tu vais" e "tu estás"; isso é completamente aceitável, pois foi algo que se desenhou através das décadas, são pequenos erros que se incorporaram à língua não-formal nos estados do Brasil. Mas, novas formas de português só são aceitas, e acabam indo pra a gramática um dia, quando se trata de algo massivo, que cai na boca do povo. Então não me venham com uma facada na nossa língua-mãe como "tu sois muito bonitinha" esperando que isso seja entendido como evolução da língua. Isso tá mais pra ser enquadrado como crime hediondo ou atentado ao pudor.

Cito mais alguns que me dão calafrios:

"Eu sôo de mais!" (suo e demais)
"Painha" (esse pode até não ser errado, mas é muito irritante!)
"Sandália alprecata"
"Ela é a menas feia das minhas amigas" (Dai-me forças, Senhor)
"Área de Laser"
"Atráz da casa"
"Eu ia pra a festa, MAIS choveu e eu desisti" (ai minha úlcera)

Tá bom... vou parar senão eu tenho um troço (parafraseando o matuto).

Pra finalizar, meus amigos e minhas amigas, peço que comecem a corrigir as pessoas que vocês conhecem que falam certas barbaridades como "a gente somos", "pranta", "pobrema" e "nós vai". Pode ser embaraçoso na hora, mas essa pessoa certamente vai ficar grata no futuro, e assim você estará colaborando com um mundo com menos infartos do "minhocárdio" e menos "célebros" fu(n)didos.

P.S.: Quaisquer erros nesse texto, podem ficar com abuso de mim, mas deixem comentários com as correções antes! :P

P.S. (2): As pessoas que não tiveram acesso à educação estão totalmente perdoadas pelos erros de português, afinal, é impossível se cobrar que alguém saiba algo que nunca lhe foi ensinado.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Um pouquinho de Brasil, iáiá...

Nação verde-amarela, de felicidade perene, gostaria de começar esse texto falando que no solo dessa pátria mãe gentil, nasceram gênios da música como Durval Lelys, Zezé de Camargo, Marquinhos Maraial, Zeca Pagodinho, Waldick Soriano, entre tantos outros. Porém, acredito que começando um texto desta forma em uma revista de credibilidade nacional, ou seria censurado ou a revista perderia toda sua credibilidade [Como no meu blog não tem censura e ainda não temos credibilidade pra porra nenhuma, então vou aumentar a lista de gênios com: Bel Marques, Dorgival Dantas, Arnaldo Sacomani, Reginaldo Rossi e por aí vai...].

Certamente os intelectuosos que leram este primeiro parágrafo, devem estar insultando até a minha décima geração, clamando por nomes como Chico Buarque, Tom Jobim, Osvaldo Montenegro, Renato Russo, Cazuza, etc. [De antemão, aviso que também aprecio bastante]. Mas, a verdade é que o Brasil é um país de uma diversidade cultural evidente e limitar esta outra classe de gênios é transgredir o gosto popular.

Ultimamente li inúmeros comentários e reportagens a respeito da vulgaridade presente nas atuais músicas de forró. Sinceramente, acho que as pessoas antes de fazerem qualquer julgamento deviam ter um pouco mais de bom humor, menos moralismo e procurar escutar as músicas de uma forma mais descontraída [Parece até que porque a música diz “Chupa que é de uva”, todo mundo vai sair chupando todo mundo por aí].

Já imaginaram, você em um show de forró, com um litro de Montilla no “quengo “, escutando a seguinte letra: “O meu amor / Tem um jeito manso que é só seu / De me fazer rodeios / De me beijar os seios / Me beijar o ventre / E me deixar em brasa / Desfruta do meu corpo / Como se o meu corpo fosse a sua casa” [Composição do incomparável Chico Buarque]. Agora imagine a mesma situação, e a seguinte composição: “Se eu te pego do meu jeito / Do jeito que eu to afim / É TXAN TXAN TXAN / Tome amor sua danadinha!!!”. São duas maneiras diferentes de ver o mesmo mundo, mas acredito que a segunda situação é mais adequada no cenário ensaiado [Até por questões didáticas e objetivas].

Tudo bem, agora é a parte que você me xinga e diz que é por isso que o Brasil não vai pra frente e que eu sou mais um alienado musical [Terminou?]. Pois bem, pois então vá pra os Estados Unidos, país de primeiro mundo. Lá, a vulgaridade e o duplo sentido não estão nas músicas mais tocadas. A [beata] Britney Spears canta algo do tipo: “Oh, it´s so hot / and I need some air / and boy, don´t stop ‘cause I´m halfway there”. Mas, se você curte mesmo é um rock, então talvez prefira um Red Hot Chili Peppers tocando um: “I want to party on your pussy, baby”. Pra fechar, se nós temos o “Créu”, eles têm entre as mais tocadas, Akon e Snoop Dog, mandando um: “I wanna fuck you (fuck you), you already know”. [A verdade é que essa de comparar gosto musical com progresso nacional é colóquio flácido para acalentar bovino. No popular: conversa mole pra boi dormir!]

A liberdade musical está no mundo todo, não é privilégio brasileiro. Temos que ter espaço para gênios, como Raulzito e sua metamorfose ambulante até Amado Batista e a princesa, musa de seus pensamentos. Hoje, quero apenas, em nome do forró [daquele mais cabarelizado que tem], saudar todos os brasileiros que sabem se divertir nesta comunhão eclética, respeitando todos os gostos, estilos, ritmos e composições. Pois neste país, que bebe, cai e levanta, pra descer na boca da garrafa, existe um mundo de hipocrisia que insiste em nos rodear. Mas, um dia as águas de março apagarão sem ver toda essa droga, e a moça do corpo dourado do sol de Ipanema não terá vergonha de ser feliz, dançando funk, o forró e pagode, sem censura e sem dolo!

[Afinal, isso aqui iôiô, TAMBÉM é um pouquinho de Brasil iaiá...]