quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sobre a Corrupção...

Tema que ocupa boa parte dos noticiários, seja na televisão, em revistas ou jornais, a corrupção é tão antiga quanto o mundo. É de se pensar que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso porque foram corrompidos pela serpente!

Não é certo dizer que a corrupção aumentou no governo Lula, mas também não se pode garantir este "não rouba nem deixa roubar". Digo o mesmo para o Governador do meu estado e para o prefeito da minha cidade. Pertence ao poeta baiano Gregório de Matos uma definição exemplar sobre certas figuras da vida pública: "Não sabem governar sua cozinha e podem governar o mundo inteiro".

Trago à tona este post, porque o clima moral de minha cidade, Campina Grande, está tão desalentador, que se não houvesse essa questão dos cheques de ambos os lados, teria havido outro tipo de corrupção. Com água mineral talvez. Estamos falando dos majoritários; e o nosso parlamento-mirim? Eleição para vereador? Se ganha com boca-de-urna! Esqueça as idéias, as propostas, os programas de mandato de cada um deles. Ganhará quem gastar mais! Observo perplecto a nova configuração de nossa Câmara Municipal. A pobre coitada carece de nomes relevantes nos debates de nossa cidade. Destacaria dos eleitos dois ou três que possam fazer a diferença em plenário. Esse fenômeno se repete em todo País, onde os valores ($$$) que prevalecem na hora da decisão são outros, esqueça a ética, a moral, seriedade, honestidade (tava faltando você aqui).

Esse desastre ético que assola nossa pátria-mãe-gentil, vem de tempos imemoriais. Herança portuguesa, dirão alguns. Pois bem, não observo em quase ninguém (políticos) a vontade de mudar o status quo, vejo uma maior fiscalização por parte da PF e da Receita, mas a praga se assola em uma velocidade espantosa.

A corrupção mostra-se como o que é. Os governos e os partidos a usam. É parte essencial, não circunstancial, da vida política desde o seu surgimento. Inocente é quem ataca o outro, o que pode ser visto como uma forma de evitar que o foco caia sobre o acusador. O investigador aprendeu com os corruptos na CPI de ontem os esquemas da corrupção que pratica hoje. Nada traz purificação.

O segundo turno ocorrerá em 29 municípios (11 capitais e mais 18 cidades) no próximo domingo. Espero que os eleitos sejam os mais preparados e capacitados para assumir os destinos de seus eleitores e não-eleitores e tentem afastar ao máximo essa praga chamada corrupção, trazendo de volta a úmida purificação de uma primavera moralizada.

P.S.: Preferia falar sobre a traição de Dedina e Damião na novela das 8, mas quem não se sente também traído ao ver cenas de corrupção?

P.S. 2: Penso que CPI nenhuma debela corrupção. Deste ponto de vista enxuga gelo e só serve mesmo é para promover parlamentar à toa.

P.S 3: A figura inicial é um quadro de Munch chamado O Grito, que integra o ciclo de pinturas chamado o " Congelamento da Vida": quem grita ali é a realidade.

P.S. 4: Meu próximo post terá temas mais amenos! Palavra de escoteiro!

7 comentários:

Mirna disse...

"Inocente é quem ataca o outro"
Precisa dizer mais?
O negócio tá cada vez mais complicado..
É o sujo falando do grudento e vice-versa.
Lamentável.

Elvis Guimarães disse...

Desde que eu consegui pensar por mim mesmo eu botei na minha cabeça que a corrupção é inerente ao homem.

Enquanto houver alguém que queira mais do que o seu próximo, nem que seja 1% a mais, haverá a corrupção. Pois a gana de ter mais do que ser (no sentido de ser espiritualmente e nao ser um rei ou presidente) faz com que o homem procure caminhos mais curtos para chegar onde quer, mesmo que isso afete negativamente outras pessoas. O egoísmo humano faz com que a igualdade, o bem comum, seja apenas uma quimera, infelizmente.

Enquanto houver homens existirá a corrupção. Enquanto houver vida na terra...

Elvis Guimarães disse...

eu quero uma primavera moralizada e um verão imoralizado!!! uhahauhauha :P

Andreza Veiga disse...

A corrupção no Brasil é uma constante, e é tão gritante que chegou ao ponto do povo se conformar e fazer vista grossa pra ela.

Quanto aos vereadores, é normal que a população não saiba votar, já que nem os candidatos sabem direito o que vão fazer na câmara. Nos poucos horários políticos que eu me atreví assistir, ví muitos prometerem coisas que não são, nem nunca foram, papel do poder legislativo. Mas quando o assunto é prefeito, governador ou presidente, o assunto é mais sério.

Se o próprio povo, o "beneficiado" pelo trabalho dos corruptos, não tá nem aí pra o passado sujo ou estratégias de chegada ao poder de um candidato, não pode reclamar da bagunça que acontece depois que bandidos tomam as rédeas da situação.

E tenho dito. =P

Ígor Mago disse...

Não é a toa que nesse segundo turno, eu continuo votando NULO!

Jah que nao posso melhorar (jah que nao existe MELHOR), pelo menos, nao sei cumplice!

Fico no agurdo nao soh da primavera moralizada, mas tb do inverno justo, do outono solidário e do verao honesto!

Que infelizmente, parece distante!

Unknown disse...

A Corrupção nada mais é que um contrato em que as partes realizam um troca, com a peculiaridade de estarem negociando algo que não lhes pertence.

Há quem ache que no Brasil falta fiscalização. Mas vejam que há Tribunal de Contas, Auditores Fiscais, órgãos especiais de combate à corrupção, PF, MP, Justiça Eleitoral etc etc.
Mesmo assim a corrupção permance intacta, presente em pequenas e grandes ações do homem. Desta feita, não adianta botar PF atrás dos corruptos e corruptores, visto que na própria PF há diversos casos de corrupção.

Se seguirmos tal raciocínio, teríamos que criar fiscais da PF, e, por conseguinte, fiscais dos fiscais da PF. Como bem disse Elvis a corrupção é inerente ao homem. Não existe apenas no Brasil, tampouco irá acabar. Afinal, somos todos pecadores, fracos e, via de regra, passíveis de corrupção.

Sendo assim, a maneira mais eficaz de diminuir drasticamente com a corrupção é tirar das mãos dos gestores públicos as moedas de troca que possuem, de tal forma que os corruptores não vislumbrem vantagens em realizar pactos com políticos.

Todo político promete de tudo, querem cuidar de cada passo de nossas vidas. Mas isso tem um custo elevado, afinal, somos nós mesmos que pagamos a conta! Então por que não cuidarmos livremente de nossos interesses? Ou são os políticos pessoas iluminadas que nos propiciarão um futuro melhor?

Enfim, a idéia é cada um no seu quadrado, cuidando da sua vida, deixando aos políticos tarefas bastante restritas. Assim, o político não terá margem para manobrar para seus financiadores, parentes etc. E não me venham falar em´pensar no "coletivo" nas "minorias", primeiro, porque isso é coisa de fresco, e segundo que a menor minoria que existe é o próprio indivíduo.

Sueuda disse...

Outro dia estava assistindo na TV Câmara um seminário sobre a lei de responsabilidade educacional e um de seus palestrantes estava falando sobre ética. Ele dizia algo bem interessante e verdadeiro, mas que tem sido deturbado, como tantos outros conceitos que nos ajudam a viver em sociedade. Isso explicaria o caus social que estamos vivendo. Ele dizia que a ética precedia toda e qualquer lei, pois é algo da esfera do não dito. Ou seja, quando você já é conhecedor de algum comportamento social, que venha a lhe favorecer, você automaticamente o faz. Ele completava sua fala enfatizando a importância daquela discussão, para podermos repensar o nosso conceito sobre a ética, pois a própria idéia de uma lei é dispensável quando os sujeitos sabem exatamente qual a sua parte em cada espaço social. A nossa realidade política está envolvida em uma hipocrisia colossal, pois não haveria compra de votos, se não houvesse quem recebesse. Naturalizou-se essa postura política e sendo assim os políticos acabam fazendo a sua parte... Entram em cena e mostram o que podem fazer (alguém já parou pra pensar na ética aqui?!). No período das eleições compram votos; lá em Brasília no dia desse seminário, eles simplesmente revezavam as primeiras cadeiras para poderem ser vistos, como os sujeitos preocupados com a ética. Posso citar um desses deputados: o jovem Walter Brito, que perdeu seu mandato por infidelidade partidária.
Eu fico extremamente triste com essa realidade, pois não quero naturalizar a corrupção, nem achar que isso é irreversível. Acredito que vamos chegar num limite social onde a necessidade de se discutir a ética vai ser tão intensa quanto a necessidade de vivê-la.